CENTRO DE ENSINO INFANTIL | CODHAB

BRASÍLIA | DF
2016

Área: 4580.90m²

Autores: Heloísa Moura, William Veras, Natália Gorgulho, Alessandra Leite
Colaboradores:  Giovanni Cristofaro, Ian Alves, Serena Ferreira.

O projeto para o Centro de Ensino Infantil localiza-se no Parque do Riacho. Dado o crescimento desta região, é necessário que equipamentos públicos básicos, como a escola proposta, sejam oferecidos para a população, prevenindo a saturação desses equipamentos em localidades próximas e garantindo uma melhor qualidade de vida para todos. Para projetar uma escola infantil verdadeiramente agradável é necessário colocar-se em outra perspectiva. Projetar para crianças significa preocupar-se com cada ângulo, cada cor e cada textura, estimulando curiosidade e o desenvolvimento.

A implantação surge a partir dessa premissa de integração comunitária. De um lado, a rodovia DF-001 com alto tráfego de veículos e ruído intenso e, do outro, uma área residencial dotada de uma praça. A ocupação ideal torna-se muito clara: “abrir" o edifício para a praça, possibilitando maior integração entre escola e comunidade. O partido é organizado em três blocos divididos em setores: Educacional, Administrativo e de Serviços. Os dois blocos principais do conjunto foram dispostos de forma paralela, com orientação noroeste-sudeste, e neles estão contidos os setores Educacional e Administrativo. O térreo reúne os espaços de atividades coletivas e berçários, e o setor administrativo por completo, além do lazer coberto e descoberto. No segundo pavimento estão situadas as salas de atividades com repouso, solários e banheiros para crianças de 2 a 5 anos. O edifício de serviços localiza-se na extremidade sudoeste da implantação, servindo como obstáculo para o forte ruído proveniente da rodovia DF-001. Os espaços abertos e coletivos, como horta, parquinho e pátio descoberto foram dispostos na extremidade nordeste do terreno, conectando o conjunto educacional à praça adjacente. O acesso principal é voltado para a passarela vinda do Recanto das Emas e mais próximo à rua interna residencial do Parque do Riacho, aproveitando-se não somente os fluxos de pedestres mas também a via e o bolsão de estacionamento existentes. A entrada da escola se configura por um grande pilotis que, por sua vez, se abre para o pátio: descoberto na direção do bairro e coberto ao se aproximar das salas.

Segundo pesquisas sobre educação infantil, o principal fator para um bom desenvolvimento da criança é o cuidar. Visando este cuidado, os blocos, juntamente com o pátio, formam um conjunto único, capaz de promover o lazer comunitário e despertar o interesse dos pequenos. Sobre o pátio coberto encontra-se o solário compartilhado das salas de aula do piso superior. Apesar de possuir 2 pavimentos, o uso da escala humana e a criação deste solário permitiu a apreensão do partido sempre como uma planta térrea, mais acessível. Um jogo de cheios e vazios permite a entrada de luz natural por todo o pátio coberto, de forma a brincar com luz e sombra, reflexos e cores. A concepção da proposta parte de um sistema modular, que racionaliza a divisão dos espaços e possibilita não somente a expansão em futuras implantações, como facilita a adaptabilidade em novos terrenos e reforça o caráter sustentável. A modulação está presente na estrutura, nas divisões dos ambientes, tratamento paisagístico e solução de cobertura. Em relação aos materiais adotados, para complementar a racionalidade e industrialização dos processos construtivos, optou-se pela estrutura metálica como partido estrutural, com utilização de perfis, que formam as estruturas principais dos blocos e apóiam as grelhas de cobertura no pátio central.

Reforçando o caráter adaptável do partido ao terreno, a proposta de implantação no terreno em outro terreno não exige praticamente nenhuma modificação. A implantação paisagística, também modulada, pode se amoldar a diferentes terrenos. A rampa, elemento de forte presença no partido, por estar situada de forma independente da edificação, pode ser deslocada para ampliar/reduzir o bloco em diferentes situações.Ainda com a intenção de adaptabilidade do projeto, as fachadas são dotadas de elementos que as protegem de acordo com sua orientação solar. Por serem elementos de compostos horizontais e verticais, podem sofrer pequenas alterações em suas inclinações, mas se mantêm em praticamente todas orientações possíveis com um bom índice de desempenho.No caso do edifício em estudo, a fachada noroeste ganha módulos de placa cimentícia vazados, que além de proporcionar um jogo divertido na fachada através das inclinações e mudanças de sentido no assentamento e da aplicação dinâmica de cor, exerce a função de devida proteção solar. A fachada sudeste fica protegida por brises tipo colméia metálicos, por sofrer incidência apenas parcial do sol da manhã, enquanto a própria empena cega da fachada sudoeste faz a proteção na fachada da rodovia.

A correta aplicação de elementos arquitetônicos já possibilita maior conforto climático aos usuários. Para viabilizar algumas práticas e tecnologias na construção civil, painéis fotovoltaicos promovem eficiência energética e placas para aquecimento solar da água são propostas para a cobertura de grelha do pátio dos solários. O aproveitamento da água da chuva para regar jardins, usar em descargas sanitárias e lavar áreas externas também é uma proposta viável e com baixo custo de implantação. Por fim, propõe-se a implementação de um esquema de compostagem, de maneira a oferecer um destino mais adequado aos resíduos orgânicos gerados pela alimentação das crianças e funcionários transformando-os em fertilizante aplicável na horta e jardins que permeiam o edifício.